Dez anos do naufrágio do navio Haidar: a sequência dos fatos que marcaram Barcarena, no Pará
07/10/2025
(Foto: Reprodução) Acidente com o Navio Haidar ainda impacta a vida de comunidades ribeirinhas em Barcarena
O naufrágio do navio Haidar completa dez anos sem solução definitiva. A embarcação, que afundou em 6 de outubro de 2015 no porto de Vila do Conde, em Barcarena, no nordeste do Pará, transportava cerca de 5 mil bois vivos.
A maior parte dos animais morreu afogada e o acidente causou vazamento de óleo, contaminação do rio Pará e danos ambientais e sociais graves.
A embarcação afundou durante um acidente no porto e, desde então, sua remoção se arrasta entre contratos fracassados, investigações e disputas sobre responsabilidades.
A seguir, veja a cronologia do desastre que ainda impacta o porto e a população da região.
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⏰ Cronologia do caso Navio Haidar (PA)
Infográfico: Cronologia dos 10 anos do naufrágio do navio Haidar, no Pará
Arte g1
Por que navio naufragado segue há 10 anos sem remoção?
O procurador da República Bruno Araújo Valente explicou os entraves que prolongam a remoção e detalhou o acompanhamento do Ministério Público Federal (MPF) no caso.
Segundo a autoridade, embora a União tenha assumido a responsabilidade pela remoção por meio da Companhia Docas do Pará (CDP), a empresa contratada para realizar o serviço, a Superpesa, não cumpriu o contrato, que foi encerrado após diversas irregularidades na execução.
“A União de fato realizou a licitação, contratou uma empresa e a empresa não executou o contrato. Segundo a União, foi um descumprimento contratual, tanto que a empresa foi multada, houve distrato e deve ser feita uma nova licitação”, afirmou Valente.
O naufrágio do navio Haidar, que transportaria para a Venezuela cinco mil bois vivos, mudou, para pior, a rotina dos moradores de Vila do Conde, em Barcarena.
Tarso Sarraf / Jornal OLiberal
Por meio de nota, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) confirmou que a empresa Superpesa foi contratada em 2019 pelo valor de R$ 44,6 milhões, tendo recebido até o momento R$ 19,1 milhões.
Como penalidade, foi multada em mais de R$ 1 milhão, suspensa temporariamente de licitações e ainda responde por uma multa compensatória de R$ 892,7 mil, que está em fase de cobrança.
Naufrágio do navio Haidar, quando transportaria, do porto de Vila do Conde, em Barcarena, para a Venezuela, cinco mil bois vivos.
Tarso Sarraf / Jornal OLiberal
A expectativa agora é de que uma nova licitação seja feita para contratação de outra empresa que assuma o serviço.
Questionado sobre por que a responsabilidade pela remoção não ficou com os proprietários da carga ou do navio, o procurador explicou que houve um acordo entre a União, a CDP e as empresas envolvidas, no qual a Companhia Docas do Pará (CDP) assumiu a execução do serviço.
MPF não identificou desvio de verba
Sobre as suspeitas de possível desvio de recursos públicos durante o contrato com a Superpesa, o procurador informou que o MPF concluiu a investigação sem encontrar indícios de crime ou improbidade.
“Ao que tudo indica, não houve pagamento por serviços não executados. Em princípio, o Ministério Público não verificou elementos que demonstrem isso”, declarou.
Justificativas
Segundo o procurador, o longo tempo sem a remoção do navio é consequência de uma série de fatores, entre eles a complexidade técnica do serviço, a morosidade no processo licitatório e falhas contratuais.
“É algo muito atípico. Foi uma contratação muito específica, e a empresa já começou a alegar que o serviço era mais complexo do que o previsto no edital”, explicou.
Em nota, o Ministério dos Portos e Aeroportos informou que o processo para retirada do navio segue em fase de avaliação, buscando a “ferramenta contratual mais adequada”.
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